domingo, 16 de agosto de 2009

Um Verdadeiro Amor


Um homem bastante idoso procurou uma clínica para fazer um curativo na sua mão ferida, dizendo-lhe que o despachasse porque estava atrasado para um compromisso.
Enquanto o tratava, o jovem médico quis saber o motivo da sua pressa e ele respondeu-lhe que precisava ir a um asilo de velhos, tomar o café da manhã com a sua esposa.
A sua mulher estava internada há bastante tempo, porque sofria do mal de “ ALZHEIMER”, em estado bastante avançado.
Enquanto terminava o curativo, o médico perguntou-lhe se ela não ficara assustada pelo facto de ele estar atrasado.
- Não, disse ele. Ela já não sabe quem sou. Há cinco anos que ela nem me reconhece…
Intrigado o médico perguntou:
- Mas se ela já não sabe quem o senhor é, porquê essa necessidade de estar com ela todas as manhãs?
O velho sorriu, deu uma palmada na mão do médico e disse:
- É verdade… Ela não sabe quem eu sou, mas eu sei muito bem quem ela é!
O amor não se conjuga no passado, ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente.

14 comentários:

  1. Olá Judite
    As minhas primeiras palavras são de parabéns para o teu blog. Mas muito especialmente para este texto. Uma lição do que é o verdadeiro amor, uma lição que toca bem fundo o coração de qualquer pessoa com sentimentos. ADOREI !!!!

    Parabéns mais uma vez!
    Que a vida te sorria com as mais desejadas felicidades

    Anjo azul

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  2. Não imaginas a profundeza de sentimento a que este texto me levou!
    Façamos sempre, todos os dias, o melhor que sabemos e podemos.O nosso sorriso, por vezes, pode levar alguém a sentir-se feliz...
    Beijo terno!

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  3. Judite...

    Um belo texto que pode bem ser um fragmento de vida entre um complexo turbilhão de emoções...


    Beijos!

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  4. Linda história, querida.
    Me fez chorar. O amor é exatamente assim.
    Adorei mesmo.
    Fez eu me lembrar de "O Diário Roubado". Já assistiu?

    Um grande beijo!

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  5. Olá amiga do Norte, bela história...Espectacular....
    Beijos

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  6. Oi Judite, bonita mensagem no texto postado. Agradeço o carinho manifesto em meu blog. Gostei do seu espaço, que você possa dar voz ás palavras e que esta voz fale aos corações. Passo a acompanhar seu trabalho também. Um abraço.

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  7. Lindo! Lindo! Lindo!
    Até fiquei todo com "pele de galinha"
    Fantastico!
    Bjinhos.Pedro

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  8. Passando para agradecer o teu comentário
    E desejar que o sol que paira sobre Braga, se digne de iluminar o teu coração com raios de felicidade

    Bjs
    Anjo Azul

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  9. Ola!
    Venho do blog do meu amigo,Anjo Azul,gostei do teu blog.
    Este post demonstra o que é na verdade o amor verdadeiro.será que existe isso hoje em dia? duvido muito.
    Mil beijos
    Whispers

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  10. Estes são, sem dúvida alguma, os momentos mais felizes do meu dia; aqueles em que, isolado do mundo, me sento à sombra das acácias para te escrever estas simples palavras de amor.
    Enquanto escrevo, imagino-te aqui ao meu lado, sorrindo – com aquele sorriso que só tu consegues fazer – iluminado o meu olhar com a tua alegria, a tua ternura, a tua...

    Passou de novo o lenço de linho branco pelos olhos. Uma lágrima teimosa insistia em cair-lhe sobre o rosto, os olhos brilhantes de emoção, as mãos a segurar ávidas a pequena folha de papel, com aquela caligrafia de escola primária, geométrica, muito direita, as vírgulas bem carregadas e os acentos todos perfilados com a mesma inclinação.
    Não precisava de ver a folha de papel, há muito que decorara todo o perfume, os versos imperfeitos da segunda página, o modo mais carregado da palavra Amor – já a relera tantas e tantas vezes que a poderia recitar de memória, sem se enganar.
    Deolinda de Jesus era uma mulher apaixonada, tremendamente apaixonada. Por muitos motivos, o destino levara-lhe o amor da sua vida para terras distantes, emigrante num país longínquo de Africa.
    Um ano – é só um ano, dissera ele – demoraria a separação, era o prometido.
    Haviam passado dois, o terceiro ia a meio... mas ele voltaria, voltaria para casa no Natal, ela tinha a certeza, ele prometia-lhe isso em todas as cartas que escrevia.
    E ele escrevia-lhe muitas e longas cartas, a que ela respondia do mesmo modo.

    - “...ontem, minha querida Deolinda... fui ao cinema com os meus colegas, ver um filme novo que ...”
    Desviou o olhar. A pequena Susana acabara de entrar na sala e ela, numa desnecessária timidez, prontamente dobrou a folha de papel, voltando a colocá-la no sobrescrito.
    - Então, avó.... vamos tomar os comprimidos ? Já são cinco da tarde...
    Cinco da tarde ?
    Como o tempo passava depressa. Até a própria Susana lhe parecia mais velha, assim com um corpo já de mulherzinha... para os seus – a memória não estava a ajudar – doze? treze anos?
    - Olá, minha Susaninha... que bom ver-te... estás linda, como sempre... mas diz-me, estava aqui a tentar lembrar-me... e já sabes que a memória gosta de me pregar partidas... quantos anos tens? Não te ofendas de te perguntar isto... mas é que sinceramente... não me consigo lembrar da data do teu aniversário...
    - Oh, avó... não faz mal, não tem importância... tenho 21, quase 22... vou fazer anos para o mês que vem, no dia 17... lembra-se? No mesmo dia do tio Joaquim, que Deus o tenha em descanso...
    - 22 ? Oh, minha querida... esta minha cabeça... pois é claro... dia 17... o tio Joaquim...
    - Aqui tem um copo com água. Quer que lhe endireite um pouco mais a cama?
    E, sem esperar pela resposta, rodou um pouco a manivela e logo a a cabeceira da cama subiu um pouco mais.
    - Está melhor assim, avó?
    Ela sorriu-lhe, ternurenta. Levou obedientemente os comprimidos à boca e lá os foi acompanhando de pequenos goles de água, enquanto a neta aproveitava para prender melhor os lençóis nas extremidades da cama.
    - Vá... agora já chega de leituras, está bem ? Precisa de descansar... Tente dormir um pouquinho, está bem?
    A avó assentiu com um movimento da cabeça, sem largar o precioso sobrescrito.
    - Até já, avó... já sabe... se precisar de alguma coisa... toque a campainha, está bem? Estou lá em baixo, a arrumar a cozinha...

    (continua...)

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  11. (...continuação)

    - Então, como está ela hoje?
    - Como está? Está na mesma, creio...
    - Reconheceu-te? Falou contigo?
    - Reconheceu... não se lembrava da minha idade, mas fora isso, até falou normalmente.... e claro que estava a ler de novo a carta...
    - Outra vez? Aquela carta... a que tu escreveste no Natal ?
    - Shiu.... fala baixo.... a avó tem Alzheimer... mas não é surda. Sim.... essa mesma carta. Ela continua a acreditar que ainda tem 30 anos... que o avô ainda é vivo e que ainda está emigrado lá para Africa...
    - Mas isso já foi há mais de querenta anos, Susana...
    - E depois ? Deixa estar, Rodrigo, que eu trato disso... prefiro que ela continue assim... feliz... a reviver aquele passado... do que a pensar no presente... é melhor assim...
    - Não sei se concordo contigo...
    - Eu sei, já falámos disso... mas ela é minha avó, não é tua... e acredita, eu tenho mesmo que fazer isto...
    - ... muito bem, tu é que sabes... e olha, a propósito, lembrei-me que talvez pudéssemos ir hoje ao cinema... o Jorge disse-me que ia passar...
    - Não posso, Rodrigo... a sério, gostava muito... mas tenho que ir escrever a carta desta semana...
    - A carta?
    - Sim... a carta que a avó tem que receber do avô... amanhã é sexta feira... e sexta feira é o dia em que ela está sempre à espera de uma carta do avô...

    - Susana...
    - Sim, Rodrigo ?
    - Sabes que eu te adoro, não sabes?
    - Claro que sei... por alguma razão casei contigo, não foi ?

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  12. Gostei do texto viu....O amor se conjuga no presente.

    ____
    Eu estou tentando baixar esse filme Filadélfia...deve ser bom mesmo.


    abraços

    Hugo

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  13. Olá Judite,

    Que lindo um amor assim, sem esperar nada em troca!
    E que lindo o blog!
    Segui-lo-ei com muito interesse.

    Um beijo.

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